Produção florestal brasileira bate R$ 44,3 bilhões em 2024 e dobra em cinco anos

 Produção florestal brasileira bate R$ 44,3 bilhões em 2024 e dobra em cinco anos
#Compartilhe

A produção econômica gerada pelas florestas brasileiras, tanto plantadas quanto nativas, atingiu R$ 44,3 bilhões em 2024, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O montante representa um avanço de 16,7% em relação a 2023 e mais que dobrou em comparação com 2019, acumulando crescimento de 140% no período.

O aumento do valor é atribuído a uma combinação de maior volume de extração e elevação nos preços de mercado. A pesquisa, intitulada Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura, também revela a predominância das áreas plantadas na geração de riqueza florestal: a silvicultura foi responsável por 84,1% da produção econômica do setor, o equivalente a R$ 37,2 bilhões. Já o extrativismo vegetal, que ocorre em florestas nativas, respondeu por 15,9%, ou R$ 7 bilhões.

Desde 1998, a silvicultura vem superando o extrativismo em valor econômico. Segundo o gerente de Agricultura do IBGE, Carlos Alfredo Barreto Guedes, vale destacar que o extrativismo vegetal legalizado é expressivo e representa parte relevante dessa atividade. “Muitas extrações são devidamente autorizadas”, afirma.

Sul e Sudeste dominam a produção florestal

A atividade florestal está presente em 88% dos municípios brasileiros — foram 4.921 dos 5.570 municípios com algum tipo de produção em 2024. As regiões Sul e Sudeste lideram o setor, concentrando juntas 65,7% da produção total: 34,7% no Sudeste e 31% no Sul. O Centro-Oeste aparece com 13,5%, seguido pelo Norte (11,1%) e Nordeste (9,7%).

Entre os estados, Minas Gerais lidera com folga, respondendo por R$ 8,5 bilhões, o equivalente a 22,8% do total nacional. O Paraná aparece na sequência, com R$ 6,3 bilhões (17%).

Na lista dos municípios com maior valor gerado pela produção florestal, General Carneiro (PR) ocupa o primeiro lugar, com R$ 674,4 milhões. Três Lagoas (MS), João Pinheiro (MG), Brasilândia (MS) e Buritizeiro (MG) completam o ranking. Em comum, todos têm produção baseada em florestas plantadas.

Madeira e celulose puxam a silvicultura

A silvicultura brasileira tem como carro-chefe a produção madeireira, que responde por 98,3% do valor gerado. A maior parte vem da madeira destinada à fabricação de papel e celulose (40,1%), seguida por madeira para outras finalidades (24,5%), carvão vegetal (21,4%) e lenha (12,2%).

Em 2024, a produção de madeira em tora para papel e celulose atingiu recorde de 122,1 milhões de metros cúbicos. O desempenho consolida o Brasil como líder global na exportação de celulose, posição ocupada desde 2022, quando superou o Canadá.

As exportações da matéria-prima somaram 19,7 milhões de toneladas em 2024, gerando US$ 10,6 bilhões em receitas. China (43,7%), Estados Unidos (15,8%), Itália (8,8%) e Países Baixos (8,3%) foram os principais compradores. A celulose brasileira ficou de fora do tarifaço imposto pelos EUA em agosto de 2025, que elevou tributos de importação para centenas de produtos brasileiros.

De acordo com o IBGE, a competitividade do Brasil no setor está ligada a condições naturais favoráveis — como solo e clima —, aliadas a investimentos em tecnologia e práticas sustentáveis de manejo florestal.

Eucalipto domina as florestas plantadas

A área total de florestas plantadas no país chegou a 9,9 milhões de hectares em 2024, espalhada por 3.552 municípios. Desse total, 77,6% são ocupados por eucalipto, espécie preferida por sua versatilidade e crescimento rápido, que varia entre sete e oito anos. O pinus, que leva entre dez e doze anos para o corte, representa 18,6%. Outras espécies ocupam os 3,8% restantes.

Minas Gerais concentra a maior área plantada de eucalipto, com 2,1 milhões de hectares — quase o equivalente à área total do estado de Sergipe. Já Ribas do Rio Pardo (MS) é o município com a maior floresta plantada do país: 380,7 mil hectares, quase o dobro do tamanho da cidade de São Paulo.

Açaí lidera o extrativismo alimentar

No extrativismo vegetal, a atividade madeireira também predomina e responde por 65,6% dos R$ 7 bilhões gerados pelo setor. Em segundo lugar estão os produtos alimentícios, que movimentaram R$ 2 bilhões (28,6%).

O açaí lidera esse grupo, representando mais da metade do valor gerado (50,9%). A produção da fruta amazônica, coletada de palmeiras nativas, chegou a 247,5 mil toneladas em 2024 — 92,9% extraídas na região Norte. O Pará é o maior produtor nacional, com 168,5 mil toneladas, o que corresponde a 68,1% da produção brasileira. Limoeiro do Ajuru, no nordeste paraense, foi o município que mais extraiu açaí no país, com 20,2% do total.

Outro destaque é a erva-mate, cuja extração somou 377,4 mil toneladas no ano, com o Paraná responsável por 85,8% desse volume. São Mateus do Sul (PR) lidera entre os municípios, concentrando 17,2% da produção nacional.

Por Paraíba Master

source

Relacionados