Trump classifica Antifa como organização terrorista e gera críticas de especialistas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta semana um decreto que designa o movimento Antifa como “organização terrorista”. A decisão foi considerada por especialistas como uma das medidas mais graves de repressão já tomadas por Trump, com potencial de criminalizar manifestações contrárias ao governo e justificar abusos estatais comparáveis a ditaduras. As informações são da Agência Brasil.
Segundo o professor Thiago Rodrigues, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a medida atinge diretamente o direito constitucional de livre expressão e equivale a políticas de repressão de regimes militares. Já a professora Clarissa Nascimento Forner, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), alertou que o uso do termo “terrorismo” abre espaço para o aumento da violência contra grupos progressistas.
O decreto foi anunciado após o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, aliado de Trump, em um campus universitário em Utah. Apesar de o suspeito preso não ter ligação comprovada com o Antifa, o presidente norte-americano atribuiu o crime à “esquerda radical” e anunciou a medida em represália.
Especialistas lembram que o Antifa não é uma organização formal, mas uma pauta antifascista e anticapitalista defendida por diversos movimentos sociais. “Não existe comando central ou hierarquia. Designar Antifa como grupo terrorista é criminalizar uma forma de pensar e agir”, destacou Rodrigues.
Para o professor Kai Lehmann, da Universidade de São Paulo (USP), a decisão se insere em uma lógica de governos autoritários. “É uma ação típica de um governo que busca enfraquecer partes da sociedade civil consideradas hostis”, disse.
Nos EUA, a designação de terrorismo tem implicações severas, especialmente após os atentados de 11 de setembro de 2001, quando a legislação passou a permitir o bloqueio de bens e o desmantelamento de redes financeiras. Agora, segundo a ordem executiva de Trump, toda atividade atribuída ao Antifa poderá ser investigada e processada como terrorismo.
A medida também pode gerar repercussões no Brasil. Para Clarissa Forner, há risco de pressões externas para que o país adote postura semelhante. No entanto, Lehmann avalia que, devido à independência maior da Justiça brasileira, a implementação de decisão similar seria mais difícil.
Por Paraíba Master