Robô da NASA encontra vestígios em Marte que podem apontar para vida passada

Uma rocha coletada em Marte pelo robô Perseverance pode ter revelado o sinal mais promissor até hoje de que o planeta vermelho já abrigou vida microscópica. A descoberta, considerada um marco pela NASA, foi divulgada nesta quarta-feira (10) em um artigo publicado na revista científica Nature e repercutida por diversos veículos internacionais.
Segundo informações do Portal G1, a rocha — batizada de Sapphire Canyon — contém dois minerais bastante conhecidos aqui na Terra: vivianita e greigita. Em nosso planeta, essas substâncias são geralmente formadas em ambientes úmidos como lagos, vales e deltas de rios, locais frequentemente influenciados por atividade de microrganismos. Os cientistas afirmam que, na Terra, esses minerais costumam surgir como resultado da decomposição de matéria orgânica feita por micróbios.
A amostra foi retirada em julho de 2024, numa região marciana chamada Neretva Vallis, um antigo leito fluvial que há bilhões de anos desaguava na cratera Jezero — hoje considerada uma das áreas mais promissoras para a busca por sinais de vida fora da Terra. A combinação química encontrada na rocha sugere que reações semelhantes às provocadas por microrganismos podem ter ocorrido logo após a formação do leito sedimentar.
Apesar da empolgação, a NASA adota cautela. A agência espacial norte-americana alertou que fenômenos não biológicos também podem produzir sinais semelhantes, como reações químicas em ambientes ácidos ou expostos a temperaturas extremas. Porém, até o momento, os cientistas não encontraram sinais de que a rocha tenha passado por essas condições, o que mantém em aberto a possibilidade de uma origem biológica.
Com mais de 30 amostras já armazenadas desde sua chegada a Marte em 2021, o Perseverance faz parte de uma missão ainda maior: trazer fragmentos do solo marciano de volta à Terra. Esse retorno está previsto entre 2035 e 2039, por meio da iniciativa Mars Sample Return, uma colaboração entre a NASA e a Agência Espacial Europeia (ESA). A análise em laboratórios terrestres, com tecnologia avançada, será essencial para confirmar se há ou não vestígios de vida no material.
O projeto, no entanto, enfrenta desafios técnicos e financeiros. A previsão inicial de US$ 5 bilhões mais que dobrou e agora ultrapassa US$ 11 bilhões, o que obrigou a NASA a repensar parte da missão. Ainda assim, os cientistas acreditam que, caso se confirme a origem biológica desses minerais, estaremos diante da descoberta mais importante da história da exploração espacial.
Por Paraíba Master