PIB cresce 1,4% no 1º trimestre, mas analistas projetam desaceleração

 PIB cresce 1,4% no 1º trimestre, mas analistas projetam desaceleração
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A economia brasileira registrou um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com os últimos três meses de 2024, conforme dados divulgados nesta sexta-feira (30/5) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A informação foi publicada pelo portal G1, que destacou que, apesar do avanço, o resultado veio ligeiramente abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 1,5%.

Mesmo assim, o desempenho representa uma recuperação relevante frente ao crescimento quase nulo do trimestre anterior, que foi revisado para 0,1% (ante os 0,2% originalmente divulgados). Na comparação anual, ou seja, com o mesmo período de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB) teve alta de 2,9%, abaixo dos 3,6% registrados no quarto trimestre do ano passado.

O principal motor da economia no início do ano foi o setor agropecuário, que teve expansão expressiva de 12,2%, puxada por uma colheita recorde de grãos, especialmente soja e milho. Ainda na análise pela ótica da oferta, o setor de serviços apresentou crescimento tímido de 0,3%, enquanto a indústria registrou retração de 0,1%.

Pelo lado da demanda, os investimentos — medidos pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) — cresceram 3,1%, impulsionados principalmente pela importação pontual de uma plataforma de petróleo da China. O consumo das famílias aumentou 1%, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento da massa salarial. Já os gastos do governo tiveram leve alta de 0,1%. No setor externo, as importações cresceram 5,9% e superaram o avanço das exportações, que foi de 2,9%, indicando aquecimento da demanda interna.

Apesar do resultado positivo, economistas ouvidos pelo G1 alertam para uma desaceleração esperada ao longo dos próximos trimestres. Entre os fatores apontados está a concentração da safra de soja no primeiro trimestre, o que tende a reduzir a contribuição da agropecuária para o PIB no restante do ano. Segundo Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, quase dois terços da produção de soja são contabilizados entre janeiro e março.

Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, também ressalta que a base de comparação elevada torna mais difícil manter o mesmo ritmo de crescimento. Além disso, ela aponta que os efeitos da política monetária restritiva — com juros elevados — devem ser sentidos de forma mais intensa na segunda metade de 2025.

Outros riscos no horizonte incluem a possibilidade de agravamento das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, o que poderia pressionar os preços das commodities e prejudicar o desempenho das exportações brasileiras. No entanto, segundo os especialistas consultados pelo G1, esse cenário ainda é considerado pouco provável, dada a postura mais cautelosa adotada recentemente pelo governo norte-americano.

Internamente, há preocupações pontuais, como o impacto da gripe aviária nas exportações de carne de frango e a possível elevação do IOF, que encareceria o crédito. No entanto, os analistas avaliam que essas questões devem ter efeito limitado sobre o crescimento do PIB.

Ainda assim, os estímulos fiscais implementados nos últimos meses têm ajudado a sustentar a atividade. Margato cita medidas como o reajuste real do salário mínimo, a liberação de recursos do FGTS, o pagamento de precatórios e programas sociais que devem ganhar força com a proximidade das eleições de 2026. Luciano Sobral, da Neo Investimentos, lembra que iniciativas como a ampliação do Minha Casa, Minha Vida e o aumento do vale-gás também devem impulsionar a economia.

Segundo o G1, apesar da inflação persistente e do ambiente de juros altos, a combinação de estímulos fiscais e mercado de trabalho aquecido pode garantir um ritmo de crescimento moderado, mas constante, nos próximos meses. Em abril, o Brasil criou 257 mil vagas formais de trabalho, bem acima das expectativas, e a taxa de desemprego caiu para 6,6%, o menor patamar para o mês na série histórica do IBGE.

Por Paraíba Master

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