Mulheres conquistam protagonismo no agro no município de Livramento com apoio da Sedap-PB

A presença da mulher no agro conquista a cada dia mais protagonismo. No município de Livramento, no Cariri paraibano, onde acontece a 6ª Festa da Cabra, as mulheres ocupam espaços nas propriedades rurais, seja cuidando das criações, na ordenha ou no cultivo de alimentos. Elas também têm destaque na programação no evento, como o torneio leiteiro exclusivamente feminino.
A programação da 6ª Festa da Cabra conta com o apoio do Governo da Paraíba, poe meio da Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap-PB), que desenvolve o Projeto “Encontro de Mulheres do Agro”, promovendo debates, a troca de experiências e reconhecendo e incentivando a participação feminina como protagonistas.
O secretário da Sedap-PB, Joaquim Hugo, frisou que o reconhecimento da força das mulheres no agro é uma pauta que a secretaria tem abraçado. “A ideia é possibilitar discussões de temas importantes para as mulheres no agro. É fortalecer a luta das mulheres e apoiá-las para que cada vez mais elas ocupem espaços de destaques em todas as áreas, como o agro”, frisou.
A ideia de acompanhar a vivência da mulher do agro na sua propriedade e na exposição de animais foi uma forma encontrada pelo Projeto Encontro de Mulheres do Agro, da Sedap-PB, de inovar o formato. No ano passado, o projeto acampou nas baias e passou a noite acompanhando o trabalho das famílias no trato dos animais.
De acordo com a assessora de Gestão Social da Sedap-PB, Márcia Dornelles, “este ano nós procuramos apresentar como é o dia a dia da mulher do agro, na propriedade. Escolhemos a Valéria porque ela é uma líder, é mãe, esposa e produtora rural, é protagonista no que faz”.
E acrescentou: “A intenção é apresentar o trabalho das famílias e, em especial, da mulher, antes de se chegar à exposição. Como é a vida dela na propriedade, a jornada de trabalho, mostrar esse protagonismo na vivência, na prática. São espaços em que a mulher está inserida, que ela conquistou e que têm que ter voz e poder de decisão”.
Acompanhando as mulheres nas vivências diárias
O projeto “Encontro de Mulheres do Agro”, nesta edição na região de Livramento, busca mostrar a presença e as vivências das mulheres nas propriedades rurais. Um exemplo é Valéria Patrícia de Souza. Esposa, mãe de dois filhos e produtora rural, ela mora no Sítio Salão com a família e produz hortaliças por meio do sistema de hidroponia, além de criar cabras leiteiras. Na propriedade rural ainda são criados suínos, bovinos e galinhas no sistema de agricultura familiar.
Valéria Patrícia conta que gosta da vida como produtora rural, ressaltando que é preciso ter dedicação, comprometimento e se capacitar. Acordar cedo, ordenhar as cabras leiteiras, cuidar da produção de hortaliças, além de ser dona de casa, mãe e esposa fazem parte da rotina diária. “Aqui no sítio a gente se divide nas tarefas. Eu, meu marido e o rapaz que trabalha com a gente fazemos a ordenha, cuidamos dos animais, dividimos as tarefas”, apontou.
A ideia de plantar hortas hidropônicas, aponta Valéria Patrícia, foi uma forma que encontrou para ampliar a renda familiar e utilizar melhor os espaços da propriedade. “Pesquisei, busquei conhecimento e comecei a produção”.
A produtora rural chega a colher por dia 110 mudas de alface e coentro, o que resulta numa renda mensal entre R$ 4 mil a R$ 5 mil. “É uma fonte de renda a mais. Toda a produção é feita no sistema de hidropônico, com os nutrientes à base da fibra de coco, sem uso de agrotóxicos”, explica Valéria Patrícia.
A produção do sítio é destinada ao município de Livramento por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do Governo Federal, que destina os produtos às famílias carentes. De leite são de 50 a 60 litros por dia. Para ser comercializado por meio do programa, o leite e demais produtos do agro precisam passar por vários testes que garantem a qualidade do alimento. “O leite é levado para uma associação, depois é pasteurizado em Sumé, e retorna para Livramento para as crianças carentes”, disse.
Sobre a rotina diária, Valéria Patrícia assegurou que, apesar de cansativa, gosta da vida no sítio. Ela ressaltou que a divisão de tarefas e o amor pelo que faz são fundamentais para se sentir feliz.
Torneio leiteiro só com mulheres
O envolvimento de Valéria Patrícia com a produção do Sítio Salão ultrapassa os limites da propriedade. Ela costuma participar de uma tradição que acontece na 6ª Festa da Cabra, promovida em Livramento: o torneio leiteiro feminino. Este ano ela não pode participar porque está com um filho recém-nascido, mas acompanha o evento e o desempenho das amigas.
A edição 2025 do torneio leiteiro, desfalcada de Valéria Patrícia, tem a participação de oito produtoras rurais. O município de Livramento foi o primeiro a promover a disputa com a participação apenas de mulheres. As campeãs serão conhecidas na noite deste sábado, dia 14, quando será realizada a final.
Uma das amigas de Valéria que participa do torneio leiteiro é Grazielle Daivid. “Para mim é um momento especial, que dá orgulho.Eu participo há três anos do torneio leiteiro, que é o primeiro só com mulheres. A Festa da Cabra é importante para que as pessoas vejam como é o nosso trabalho ”, comentou. Ela expõe nove animais.
Grazielle Daivid afirmou que começou a trabalhar na ovinocultura acompanhando o pai e que tomou gosto. “Participar e encontrar outras mulheres é importante, mostrar a nossa capacidade, a nossa força”, enfatizou.
Uma das pioneiras no evento é Ariely da Silva. “Eu participo antes de ter o torneio feminino. Eu disputava com os homens, até que surgiu a ideia de fazer um torneio só com as mulheres”, afirma. Ao lado do marido no evento, ela ressaltou que as exposições contribuem ajudando a mostrar um pouco do trabalho realizado na área rural. Na Festa da Cabra ela e o marido expõem 11 animais.
Ariely da Silva diz que não sentiu preconceito por parte dos homens quando começou a participar da Festa da Cabra ao lado do marido. Ela disse que com a chegada de outras mulheres o espaço das baias, antes visto como masculino, passou a ser dividido e ficou mais familiar. Hoje, muitas crianças também acompanham os pais e observam a rotina do produtor rural. “A vida é puxada, é de domingo a domingo, faça sol ou faça chuva, mas eu faço porque gosto. Estou feliz de estar aqui”, completou.
Por Paraíba Master com informações do Governo da Paraíba