Morre ator e diretor Ney Latorraca, aos 80 anos

 Morre ator e diretor Ney Latorraca, aos 80 anos
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O artista estreou na Globo em 1975 na novela “Escalada” e, ao longo da carreira, se destacou em novelas e programas humorĂ­sticos, como QuequĂ©, em “Rabo de saia” (1984), o vampiro Vlad, em “Vamp” (1991) e Barbosa, em “TV Pirata”.

“Ator jĂĄ nasce ator. Aprendi desde pequeno que precisava representar para sobreviver. Sempre fui uma criança diferente das outras: Ă s vezes, eu tinha que dormir cedo porque nĂŁo havia o que comer em casa. EntĂŁo, atĂ© hoje, para mim, estou no lucro”, disse o ator em depoimento ao MemĂłria Globo.

InfĂąncia e carreira

Ney Latorraca nasceu em Santos (SP) no dia 25 de julho de 1944. Era filho de artistas. O pai, Alfredo, era cantor e crooner de boates, e a mĂŁe, Tomaza, corista.

Na infùncia, morou em São Paulo e no Rio de Janeiro, até voltar para Santos e prestar exame no Instituto de Educação Canadå, escola onde formou, com um grupo de amigos que lå estudavam, a banda Eldorado.

Assumiu a função de lĂ­der e cantor do grupo. Sua estreia no teatro aconteceu em 1964, em uma peça de escola chamada “Pluft, o fantasminha”. Na Ă©poca, ele tinha 19 anos. O sucesso fez com que a peça ganhasse fama fora dos muros do Instituto de Educação CanadĂĄ.

Pouco tempo depois, já em São Paulo, o ator participou da peça “Reportagem de um tempo mau”, com direção de Plínio Marcos, no Teatro Arena. O trabalho não chegou a entrar em cartaz por ter sido censurado pelo governo militar – alguns atores da peça foram, inclusive, presos.

“Fiquei completamente arrasado, queria me matar. Voltei para Santos”, disse Ney sobre a ocasião.

Em seu retorno Ă  sua cidade natal, Ney Latorraca estudou na Escola de Arte DramĂĄtica, atuou em algumas peças locais e, no ano de 1969, finalmente estreou na televisĂŁo em “Super plá”, na TV Tupi, e no cinema em “AudĂĄcia, a fĂșria dos trĂłpicos”.

Em seguida, trabalhou na TV Cultura e na TV Record, antes de estrear de vez na Rede Globo em 1975, na novela “Escalada”, de Lauro CĂ©sar Muniz, cujo elenco contava ainda com TarcĂ­sio Meira e Susana Vieira.

Com Vera Fischer, interpretou uma cena de estupro em “Coração alado” (1980), a primeira em uma novela das oito. No folhetim, dividiu as atençÔes com atores como TarcĂ­sio Meira, DĂ©bora Duarte e Walmor Chagas.

Em 1990, trabalhou no SBT na novela “Brasileiras e brasileiros”. No ano seguinte, voltou para a TV Globo e viveu um de seus personagens mais famosos: Vlad, na novela “Vamp” (1991). Outras atuaçÔes marcantes de Latorraca foram a de Barbosa, em “TV Pirata” (1988), do italiano Ernesto Gattai na minissĂ©rie “Anarquistas, graças a Deus” (1984) e do travesti Anabela em “Um sonho a mais” (1985). Na trama, aliĂĄs, fez seis papĂ©is.

“Pensei que fosse enlouquecer. Virei o versĂĄtil da Globo. Com essa histĂłria de versĂĄtil Ă© que dancei mesmo. Comecei a fazer de tudo: sapatear, plantar bananeira, subir, descer, fazer ĂĄrvore, jacarĂ©, vampiro. Mas Ă© bom ser versĂĄtil. VocĂȘ nĂŁo fica carimbado”, afirmou

O ator tambĂ©m Ă© lembrado por seu papel na novela “EstĂșpido cupido”, exibida entre 1976 e 1977, na qual viveu Mederiquis, fĂŁ de Elvis Presley e lĂ­der da banda de rock PersonĂ©litis BĂłis. A princĂ­pio, ele nĂŁo queria o papel.

“Eu estava com 33 anos e interpretava um cara de 17. Queria abandonar, não ia mais fazer. Me botaram de peruca, todo maquiado. Quando me vi caracterizado como o personagem, falei: ‘Estou parecendo um macaco’. Falei que ficava com uma condição: ‘Quero escolher meu figurino’. Me vesti todo de preto, sem maquiagem alguma, e pedi uma lambreta preta. Batizei-a de Brigite”, contou. “Virou um grande sucesso, estourou mesmo. Fizeram história em quadrinhos, chiclete, figurinha – e eu era uma das figurinhas mais difíceis”.

Entre seus vĂĄrios trabalhos para a Rede Globo, Ney Latorraca atuou em 18 novelas, seis minissĂ©ries e oito seriados. Tem ainda em seu currĂ­culo 23 longa-metragens e 13 peças. Sua Ășltima participação na Rede Globo foi no seriado “A Grande FamĂ­lia”, em 2011.

Ao lado de Marco Nanini, ficou 11 anos em cartaz com a peça “O MistĂ©rio da Irma Vap”, dirigida por MarĂ­lia PĂȘra.

Paraíba Master com informaçÔes do G1 

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