Lula se reúne com presidente da Câmara e articula contra anistia; MP da tarifa social e IR também estão na pauta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou nesta segunda-feira (15), no Palácio da Alvorada, com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), em um movimento político fora da agenda oficial. O foco principal da conversa foi a tentativa do governo de barrar o avanço de um projeto de anistia que tramita no Congresso, além de discutir outras pautas prioritárias para o Planalto.
De acordo com interlocutores do governo, Lula reiterou a posição contrária ao perdão judicial de envolvidos em atos golpistas. A articulação para frear a proposta tem se intensificado nos bastidores, com ministros e líderes governistas sendo mobilizados para conter a votação na Câmara.
Também estiveram na pauta a Medida Provisória que amplia o acesso à tarifa social de energia elétrica e o projeto que isenta do Imposto de Renda os contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil — iniciativas que o Planalto pretende aprovar com urgência.
Tarcísio recua e cancela viagem a Brasília
No mesmo dia, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), suspendeu uma viagem prevista à capital federal. A visita teria como objetivo articular pela aprovação da anistia, segundo afirmou o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante. A agenda estava marcada para às 16h30, mas foi cancelada pelo Palácio dos Bandeirantes sem justificativa oficial.
O recuo ocorre após a divulgação de uma pesquisa do Datafolha no domingo (14), apontando que 54% da população é contrária à concessão de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto 39% são favoráveis.
Apesar da desistência, aliados de Tarcísio indicam que ele segue acompanhando o tema de São Paulo e acredita que o andamento das negociações no Congresso está dentro do previsto. O governador também avalia um novo pedido para visitar Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar, o que dependerá de autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Pressão por aprovação de MPs estratégicas
Enquanto tenta conter o avanço do projeto de anistia, o governo enfrenta uma corrida contra o tempo para aprovar a MP do setor elétrico, que amplia o benefício da tarifa social. A medida perde validade nesta quarta-feira (17) se não for votada por Câmara e Senado.
Segundo o governo, cerca de 115 milhões de brasileiros podem ser impactados: 55 milhões com descontos e até 60 milhões com isenção total na conta de luz. A proposta faz parte de um pacote social com o qual Lula espera fortalecer sua imagem junto ao eleitorado e projetar sua candidatura à reeleição em 2026.
Após a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe, o Planalto intensificou a articulação política para avançar com propostas de interesse direto do Executivo e evitar que o tema da anistia ganhe força no Congresso.
Por Paraíba Master
