Lula critica tarifas de Trump e promete diálogo com líderes do Brics sobre retaliações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (6) que vai abrir diálogo com os líderes dos países que integram o Brics para discutir a recente taxação imposta pelos Estados Unidos às exportações desses países. Em entrevista à agência Reuters, Lula disse que pretende conversar diretamente com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e com o presidente da China, Xi Jinping.

“Vou tentar fazer uma discussão com eles sobre como cada um está dentro da situação, qual é a implicação que tem em cada país, para a gente poder tomar uma decisão”, afirmou o presidente. De acordo com o Agência Brasil, Lula lembrou que o Brics reúne dez países que fazem parte também do G20, grupo que congrega as vinte maiores economias do mundo.

A declaração de Lula acontece no mesmo dia em que entraram em vigor as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a parte das exportações brasileiras. Ainda nesta quarta-feira, o presidente americano Donald Trump publicou um decreto com tarifa adicional de 25% sobre produtos da Índia, alegando que o país estaria importando petróleo russo de forma direta ou indireta.

Medidas e prioridades do governo

Lula enfatizou que a prioridade do governo brasileiro no momento é garantir a manutenção dos empregos e ajudar as empresas nacionais a encontrar novos mercados para seus produtos. De acordo com ele, o Ministério da Fazenda deve enviar ainda hoje ao Palácio do Planalto o texto da medida provisória com as ações planejadas em resposta ao tarifaço norte-americano.

Apesar da tensão, Lula garantiu que não pretende retaliar de imediato.

“Eu estou fazendo tudo isso [negociando] quando poderia anunciar uma taxação dos produtos americanos. Não vou fazer porque não quero ter o mesmo comportamento do presidente Trump. Eu quero mostrar que quando um não quer, dois não brigam, e eu não quero brigar com os Estados Unidos”, disse.

O presidente acrescentou que não vê espaço para negociação direta com Trump neste momento. “Eu não liguei porque ele não quer telefonema. Não tenho por que ligar para o presidente Trump, porque nas cartas que ele mandou e nas suas decisões ele não fala em nenhum momento em negociação, o que ele fala é em novas ameaças”, afirmou.

Críticas à postura americana

Lula criticou o que classificou como intromissão indevida dos Estados Unidos em assuntos internos do Brasil, especialmente diante das críticas do governo norte-americano à legislação brasileira sobre regulação das big techs.

“Esse país é soberano, tem uma Constituição, tem uma legislação. É nossa obrigação regular o que a gente quiser regular de acordo com os interesses e a cultura do povo brasileiro. Se não quiser regulação, saia do Brasil”, declarou Lula.

O presidente reforçou que o Brasil recebeu a notificação da taxação de forma unilateral e autoritária. “Não é assim que estamos acostumados a negociar”, afirmou. “Ele que cuide dos Estados Unidos, do Brasil, cuidamos nós. Só tem um dono esse país, e só um dono que manda no presidente da República, é o povo, o povo que elegeu, o povo que pode tirar.”

Por Paraíba Master