Haddad defende “reglobalização sustentável” e tributação dos super-ricos durante reunião do Brics no Rio

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu neste sábado (5) uma “reglobalização sustentável”, durante o discurso de abertura da Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do Brics, realizada no Rio de Janeiro. A proposta, segundo ele, representa “uma nova aposta na globalização”, mas desta vez fundamentada no desenvolvimento social, econômico e ambiental para toda a humanidade.
Haddad também manifestou apoio à criação de uma Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária, com o objetivo de construir um sistema tributário global mais justo. “Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos”, afirmou.
Papel do Brics na nova ordem global
De acordo com o ministro, o Brics surgiu a partir da demanda dos países membros por maior representatividade no sistema financeiro internacional. “Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma de globalização”, declarou Haddad. De acordo com o Agência Brasil, o bloco reúne 11 países-membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Também participam como parceiros Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão.
Atualmente, os membros do Brics representam 39% da economia mundial, 48,5% da população global e 23% do comércio internacional. Em 2024, 36% das exportações brasileiras foram destinadas a países do bloco, que também foram responsáveis por 34% das importações do Brasil.
Tributação global e combate à desigualdade
Haddad ressaltou que o Brasil, durante sua presidência do G20, liderou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e tem reforçado a defesa da tributação progressiva dos super-ricos como marca de sua atuação internacional.
“Não há solução individual para os desafios do mundo contemporâneo”, alertou o ministro.
Ele afirmou que nenhum país, mesmo os mais poderosos, é capaz de enfrentar sozinho crises globais como o aquecimento do planeta.
“A perspectiva de criar ilhas excludentes de prosperidade em meio à policrise contemporânea é moralmente inaceitável. Temos que encontrar soluções cooperativas para os nossos desafios comuns”, destacou.
Fundo para florestas tropicais
No campo ambiental, Haddad destacou os esforços dos países do Brics na criação de instrumentos inovadores para acelerar a transformação ecológica. Entre os projetos discutidos está o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (Tropical Forest Forever Facility – TFFF), que pretende impulsionar economias de baixo carbono por meio de investimentos de países ricos, responsáveis historicamente por grande parte da poluição global.
“Nos últimos dias, conversamos muito sobre o Tropical Forest Forever Facility. Estou convencido de que o Brics pode desempenhar um papel decisivo em sua criação, com um anúncio de grande impacto durante a COP 30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima]”, declarou Haddad.
O ministro concluiu destacando o compromisso do Brasil com uma presidência marcada por equilíbrio e ousadia: “Serenidade e ambição são, portanto, as marcas da nossa presidência”.
Por Paraíba Master