Falta de recursos ameaça ações climáticas em municípios, afirma ministro das Cidades

Durante o Fórum de Líderes Locais da COP30, realizado no Rio de Janeiro, o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, destacou nesta terça-feira (4) a urgência de destinar recursos diretamente aos municípios para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. Segundo ele, grande parte do dinheiro disponível não chega à ponta, ficando concentrada em grandes centros urbanos com maior capacidade técnica, enquanto cidades menores seguem sem investimentos essenciais para obras de prevenção e adaptação.
“O dinheiro, se não chegar na ponta, esquece, não vai ter infraestrutura”, afirmou o ministro, ao citar tragédias recentes como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia como exemplos do impacto da falta de planejamento climático. De acordo com informações da Agência Brasil, Barbalho enfatizou que as cidades e periferias são as primeiras a sentir os efeitos dos eventos extremos, e que a solução passa por fortalecer a gestão local e a capacidade técnica dos municípios.
O ministro lembrou que o Brasil já destinou US$ 25 bilhões (cerca de R$ 135 bilhões) para obras de drenagem, mobilidade e contenção de encostas, mas que muitos desses recursos não se transformam em projetos executáveis por falta de estrutura técnica nas administrações municipais. “Muitas vezes o dinheiro existe, mas o projeto não está estruturado. E o processo fica no caminho”, explicou.
O encontro também contou com a participação de mais de 300 prefeitos e especialistas, que defenderam o fortalecimento das políticas locais de enfrentamento à crise climática. A prefeita de Abaetetuba (PA), Francineti Carvalho, reforçou a necessidade de capacitação e flexibilização das exigências técnicas para que os municípios da Amazônia e de outras regiões possam acessar os recursos disponíveis.
Durante o evento, mais de 100 prefeitos lançaram uma carta aberta que será apresentada oficialmente durante a COP30, em Belém, propondo o fortalecimento da cooperação entre governos locais, estaduais e federais. O documento destaca que o “federalismo climático” — com diálogo e corresponsabilidade entre os níveis de governo — é fundamental para garantir uma transição justa, sustentável e equitativa em todo o território brasileiro.
Por Paraíba Master