Esquema bilionário no INSS: PF prende empresários por desvios de aposentadorias

Polícia Federal cumpre mandados de prisão e busca contra envolvidos em suposto esquema bilionário de fraudes previdenciárias
A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta-feira (12), mais uma fase da Operação Cambota, com foco em aprofundar as investigações sobre um esquema de fraudes que teria desviado recursos de aposentados e pensionistas em todo o país, por meio da cobrança ilegal de mensalidades associativas.
Entre os alvos da ação, estão os empresários Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido nacionalmente como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti — ambos tiveram prisão preventiva decretada por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil, os mandados foram executados em Brasília e em outros estados. A operação também cumpriu 13 mandados de busca e apreensão, incluindo endereços ligados ao advogado Nelson Wilians, dono de um dos maiores e mais luxuosos escritórios de advocacia do país, que também é investigado por movimentações financeiras consideradas “atípicas” pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
“Careca do INSS” é apontado como líder do esquema
Preso em sua residência, Antunes já havia sido alvo de outras ações da PF, inclusive com apreensões de veículos de luxo, como uma BMW e documentos relacionados às supostas fraudes. De acordo com a PF, ele é apontado como o principal articulador do esquema que, segundo as investigações, teria movimentado valores bilionários de forma ilícita.
O advogado de Antunes, Cleber Lopes, criticou a decisão da prisão e afirmou que a defesa tem colaborado com as autoridades desde março. “Fomos surpreendidos com a prisão, que se baseia em uma interpretação equivocada dos fatos. Nosso cliente tem cumprido todas as determinações legais e está focado em sua defesa”, declarou à imprensa.
Investigações seguem com apoio da CPMI
A ação da Polícia Federal ocorre em paralelo à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instaurada no Congresso Nacional para investigar o caso. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), classificou as prisões como um “primeiro passo” e afirmou que há outros envolvidos que também devem ser responsabilizados.
“A prisão do Careca e de Camisotti é só o começo. Ainda temos pedidos para prender mais 19 suspeitos. Precisamos impedir que escondam patrimônio e continuem se beneficiando dos aposentados”, declarou o senador.
A comissão também aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscal e digital de diversos investigados, incluindo os dois presos. O objetivo é mapear o caminho do dinheiro e identificar empresas de fachada e movimentações fraudulentas.
Alvo de buscas, advogado diz confiar na apuração
Também envolvido na operação, o advogado Nelson Wilians confirmou, por meio de nota oficial, que está colaborando com as autoridades e afirmou ter plena convicção de que sua inocência será comprovada.
Segundo a PF, R$ 15,5 milhões foram repassados por seu escritório ao empresário Camisotti, em uma transação considerada “atípica” pelos órgãos de controle. Wilians justificou o repasse como sendo referente à compra de um terreno, transação que, segundo ele, é lícita e documentada.
Depoimentos na CPMI devem acontecer já na próxima semana
Com as prisões autorizadas, a CPMI agora aguarda o aval do ministro André Mendonça, relator do caso no STF, para que os dois empresários sejam levados ao Congresso para prestar depoimento já na próxima semana.
Por Paraíba Master