Direita vê estratégia por trás de elogios de Trump a Lula durante Assembleia da ONU

 Direita vê estratégia por trás de elogios de Trump a Lula durante Assembleia da ONU
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Em discurso surpreendente durante a Assembleia Geral da ONU, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e não fez qualquer menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), atualmente condenado por tentativa de golpe de Estado. A fala do norte-americano causou repercussão imediata nos bastidores políticos brasileiros, especialmente entre aliados bolsonaristas, que tentaram minimizar a ausência de Bolsonaro e sugeriram que tudo faz parte de um movimento estratégico de Trump.

Durante seu breve pronunciamento nos bastidores da ONU, Trump revelou ter tido uma rápida conversa com Lula e destacou uma “química excelente” entre os dois. “Tivemos ali uma boa conversa. Ele parecia um homem muito legal, na verdade, ele gostava de mim, eu gostava dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto”, afirmou Trump, reforçando que há planos para um novo encontro nos próximos dias.

As declarações aconteceram pouco depois do discurso de Lula na abertura da Assembleia, no qual o presidente brasileiro reforçou sua postura firme em defesa do Judiciário e atacou diretamente os movimentos antidemocráticos no país. “A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”, afirmou Lula, numa crítica indireta, mas evidente, ao bolsonarismo.

Segundo informações do Portal CNN Brasil, aliados próximos de Bolsonaro interpretaram a fala de Trump como uma “jogada estratégica” para pressionar Lula a negociar. Nos bastidores, há quem acredite que o ex-presidente americano busca um encontro mais próximo com o petista com o objetivo de, futuramente, cobrar concessões – inclusive uma possível anistia ao próprio Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, foi às redes sociais para defender que Trump apenas adotou uma “tática clássica de negociação”. Já o comentarista Paulo Figueiredo, que atua nos EUA ao lado de Eduardo, afirmou que Lula foi colocado por Trump em uma “situação impossível”, citando elogios semelhantes feitos por Trump a líderes de países como Rússia e China, que foram posteriormente pressionados por sanções.

O pano de fundo dessa movimentação envolve ainda as recentes sanções impostas pelos EUA ao Brasil, incluindo sobretaxas a produtos e punições a autoridades brasileiras. Lula, por sua vez, tem reforçado em todos os discursos internacionais que “a soberania do Brasil é inegociável” e reiterou essa posição novamente em Nova York, diante dos líderes mundiais.

Entre a diplomacia e os bastidores políticos, o gesto de Trump reacende as tensões entre os blocos de poder no Brasil e expõe as apostas de cada lado no tabuleiro internacional.

Por Paraíba Master

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