Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial discute reparação, justiça racial e atualização do Plano Nacional

Enfrentamento ao racismo, atualizações na lei de cotas, combate à violência contra jovens negros, titulação de terras quilombolas, ações contra o racismo climático e adesão de estados e municípios ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) estão entre os principais temas da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Conapir), que ocorre em Brasília até sexta-feira (19). O tema central desta edição é “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, informou a Agência Brasil.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou que a Conapir volta a ser um espaço de luta coletiva e de formulação de políticas públicas transversais.
“São 20 anos desde a primeira conferência. Agora, a gente espera que, a partir daqui, saia um documento fiel a tudo que a gente representa, acredita e defende e que a gente possa ter um futuro com mais igualdade racial”, disse a ministra.
O secretário de Gestão do Sinapir, Clédisson Júnior, ressaltou que o retorno das conferências representa um esforço de reconstrução e de unidade nacional. “Uma democracia aperfeiçoada é aquela que integra o maior número de pessoas e que seja capaz de debater políticas públicas a partir das demandas dessas pessoas”, afirmou.
Participação e propostas
A conferência conta com 1,7 mil delegados eleitos em etapas municipais, estaduais e regionais, além de uma etapa digital, que recebeu contribuições pela plataforma Brasil Participativo. Ao final do encontro, será elaborado um documento oficial com propostas e diretrizes para a atualização do Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Planapir), que orientará as políticas federais da área.
Entre os delegados, a candomblecista Iyá Márcia de Ogum, de Salvador, defende a ampliação de políticas públicas para povos de religiões de matriz africana. “Queremos ter a liberdade de cultuar nossa fé sem sermos agredidos, porque lutamos pela cultura de paz e de respeito para que o povo preto possa viver”, disse.
Já o músico e arte-educador Petrúcio Cruz, de Caruaru (PE), ressaltou a necessidade de reparação histórica para descendentes de africanos e cobrou o cumprimento da Lei 10.639/2003, que prevê o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas. “Tudo que esse país é — a história, a cultura, a identidade — deve à diáspora africana. Essa identidade afro-brasileira é inegável. Temos que fortalecê-la e reafirmá-la”, afirmou.
Abertura
A Conapir 2025 foi aberta na noite de segunda-feira (15), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Até o fim da semana, delegados e delegadas participam de grupos de trabalho, plenárias e discussões organizadas nos eixos de democracia, justiça racial e reparação.
Por Paraíba Master