Banco Central barra compra do Banco Master pelo BRB

O Banco Central rejeitou a proposta de aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), encerrando um processo que estava sob análise desde março deste ano. A decisão, ainda não detalhada oficialmente pelo BC, foi comunicada ao mercado na noite de quarta-feira (3) por meio de fato relevante divulgado pelo BRB.
A operação previa a aquisição de 49% das ações ordinárias e 100% das ações preferenciais do Banco Master por R$ 2 bilhões. Era a última etapa regulatória necessária para que o negócio fosse concretizado.
Em comunicado, o BRB afirmou ter solicitado acesso à íntegra da decisão para entender os fundamentos que levaram ao indeferimento e avaliar possíveis alternativas.
“O BRB reitera seu posicionamento de que a transação representa uma oportunidade estratégica com potencial de geração de valor para o BRB, seus clientes, o Distrito Federal e o Sistema Financeiro Nacional”, diz trecho da nota.
Investimento estratégico com respaldo do DF
A tentativa de aquisição recebeu respaldo do governo do Distrito Federal, principal acionista do BRB. Em agosto, o governador Ibaneis Rocha sancionou uma lei distrital aprovada pela Câmara Legislativa (CLDF) para autorizar a transação — uma exigência judicial que habilitaria legalmente a operação.
O BRB via na compra uma forma de expandir sua presença no mercado nacional e reforçar sua atuação no sistema financeiro. Desde que a negociação veio à tona, em março, as ações do banco valorizaram cerca de 23% na B3.
Dúvidas e polêmicas sobre o Banco Master
Apesar do posicionamento estratégico do BRB, o negócio foi cercado de polêmicas. O Banco Master é visto com cautela pelo mercado devido a práticas consideradas agressivas na captação de recursos, oferecendo remunerações de até 140% do CDI — patamar bem acima da média dos bancos de porte similar, que gira em torno de 110% a 120%.
A falta de transparência nos números também pesou contra a instituição. O Master ainda não publicou seu balanço financeiro referente a dezembro de 2024 e falhou recentemente ao tentar captar recursos via emissão de títulos no exterior.
Além disso, operações envolvendo precatórios — dívidas judiciais reconhecidas por governos — ampliaram as desconfianças sobre a saúde financeira do banco.
Proposta de R$ 1 e impasse no FGC
A fragilidade da instituição ficou ainda mais evidente quando o BTG Pactual propôs assumir o controle do Banco Master pelo valor simbólico de R$ 1, desde que o passivo fosse absorvido com recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). No entanto, a proposta esbarrou na falta de consenso entre os bancos que compõem o fundo, e o acordo não avançou.
Com o veto do Banco Central, o futuro do Banco Master permanece incerto, enquanto o BRB estuda quais serão os próximos passos após a decisão.
Por Paraíba Master