Alimentos recuam após nove meses de alta, mas energia elétrica mantém inflação pressionada, aponta IBGE

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,24% em junho, marcando o quarto mês consecutivo de desaceleração da inflação no país. A queda nos preços dos alimentos, após nove meses seguidos de alta, foi o principal fator responsável pelo resultado, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme noticiado pelo portal Agência Brasil.
Apesar da desaceleração, o IPCA acumulado em 12 meses permanece acima do teto da meta do governo — fixado em 4,5% — e alcançou 5,35%, caracterizando o sexto mês consecutivo de estouro do limite estipulado. Em abril, o indicador chegou ao ponto mais alto do ano, com 5,53% no acumulado anual.
Alimentos recuam, puxados pela safra
O grupo de alimentação e bebidas foi o único a apresentar variação negativa entre os nove analisados pelo IBGE, com queda de 0,18%, impulsionado principalmente pela redução nos preços da alimentação no domicílio (-0,43%). Entre os itens que mais contribuíram para o alívio no bolso do consumidor estão o ovo de galinha (-6,58%), arroz (-3,23%) e frutas (-2,22%).
De acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a maior oferta de produtos agrícolas em função de uma boa safra ajudou a derrubar os preços dos alimentos. Ainda assim, itens como o café continuam em alta: o produto subiu 0,56% em junho e acumula valorização de 77,88% em 12 meses.
Conta de luz lidera pressão sobre o índice
Por outro lado, a energia elétrica foi o item que mais impactou a inflação do mês. O aumento de 2,96% nas tarifas, causado principalmente pela adoção da bandeira vermelha patamar 1 — que adiciona R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos — gerou um impacto de 0,12 ponto percentual no índice geral.
Além da mudança tarifária, o IBGE também registrou reajustes em capitais como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro. “Se excluíssemos a energia elétrica do cálculo, o IPCA teria ficado em 0,13%”, destacou Gonçalves.
Transportes e outros grupos
O grupo transportes também apresentou alta de 0,27% no mês, puxado pelo aumento de 13,77% no preço do transporte por aplicativo, mesmo com a queda de 0,42% nos combustíveis. Já o vestuário (0,75%), habitação (0,99%) e despesas pessoais (0,23%) também contribuíram para o avanço do índice.
O índice de difusão — que mede o percentual de itens com aumento de preços — ficou em 54% em junho, o menor nível desde julho de 2024.
INPC também desacelera
O IBGE também divulgou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), voltado a famílias com renda de até cinco salários mínimos, que fechou junho em 0,23%. O acumulado em 12 meses ficou em 5,18%.
A composição do INPC confere maior peso aos alimentos, que representam 25% do índice, contra 21,86% no IPCA. Por isso, a queda nos preços dos alimentos teve impacto ainda mais significativo para as famílias de menor renda.
Segundo o portal Agência Brasil, o INPC serve como referência para o reajuste de salários em diversas categorias profissionais, além de balizar negociações sindicais e benefícios sociais.
Por Paraíba Master