Complexos da Penha e do Alemão são apontados como QG nacional do Comando Vermelho, diz secretário de Polícia Civil do Rio

 Complexos da Penha e do Alemão são apontados como QG nacional do Comando Vermelho, diz secretário de Polícia Civil do Rio
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Os complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foram identificados como o quartel-general nacional do Comando Vermelho (CV), segundo o secretário de Polícia Civil do estado, Felipe Curi. Em entrevista concedida na última sexta-feira (31), Curi afirmou que os traficantes dessas regiões são responsáveis pela distribuição mensal de cerca de 10 toneladas de drogas e entre 50 a 70 fuzis para outras comunidades dominadas pela facção no estado.

A constatação foi feita durante a Operação Contenção, deflagrada na última terça-feira (28), que terminou com 121 mortos, sendo 117 suspeitos e quatro policiais. A ofensiva envolveu 2.500 agentes das polícias Civil e Militar e tinha como objetivo desarticular o Comando Vermelho, cumprindo aproximadamente 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.

“Os complexos da Penha e do Alemão se tornaram centros de distribuição de armas e drogas para outros complexos do Rio de Janeiro, como o Salgueiro, Jacarezinho, Maré, Manguinhos e Mandela”, afirmou Curi.
Segundo ele, as comunidades passaram, nos últimos 15 anos, de base estadual a centro de comando nacional da facção. “Hoje, os complexos da Penha e do Alemão são o QG do Comando Vermelho em nível nacional. São deles que partem as ordens, decisões e diretrizes dessa facção para praticamente todos os estados do país”, acrescentou.

O secretário também destacou que o local é um centro de formação de criminosos, onde são realizados treinamentos de tiro, táticas de guerrilha e manuseio de armamentos para traficantes de outros estados. “É público e notório o que está acontecendo na Bahia, no Ceará, no Mato Grosso, no Pará e em Manaus”, afirmou.

Mortes e identificação

Segundo balanço divulgado pelas autoridades, 109 dos 117 suspeitos mortos na operação foram identificados até sexta-feira (31). Desses, 78 tinham histórico criminal e 42 possuíam mandados de prisão em aberto. Entre os mortos, há chefes do tráfico de outros estados, como:

  • DG e FB (Bahia);

  • Mazola (Feira de Santana – BA);

  • PP (Pará);

  • Chico Rato e Gringo (Manaus – AM);

  • Russo (Espírito Santo);

  • Fernando Henrique dos Santos (Goiás);

  • Rodinha (Itaberaí – GO).

Ao todo, 54 mortos eram de fora do Rio, vindos de estados como Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, São Paulo e Paraíba.

Principal alvo escapou

O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, o Doca, considerado o maior chefe do CV em liberdade, conseguiu escapar do cerco policial. Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos, o criminoso usou “soldados” do tráfico para formar uma barreira e fugir. O Disque Denúncia oferece R$ 100 mil de recompensa por informações que levem à sua captura.

Doca é apontado como o principal articulador do tráfico no país, logo abaixo de Marcinho VP e Fernandinho Beira-Mar, ambos presos em penitenciárias federais.

Balanço da operação

De acordo com a Agência Brasil, a Operação Contenção resultou em:

  • 121 mortos, sendo 117 suspeitos e 4 policiais (2 civis e 2 militares);

  • 113 presos, incluindo traficantes de outros estados;

  • 10 menores infratores apreendidos;

  • 91 fuzis, 26 pistolas e 1 revólver apreendidos;

  • 1 tonelada de drogas recolhida.

Moradores relataram cenas de horror após os confrontos, comparando o cenário a uma “tragédia natural”. O governador Cláudio Castro afirmou que o governo continuará agindo “com técnica e respeito à lei” para garantir o direito de ir e vir da população.

Por Paraíba Master

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