Surto de metanol em bebidas no Brasil escancara falhas na fiscalização e reacende debate sobre rastreabilidade

O Brasil enfrenta um grave surto de contaminação por metanol em bebidas alcoólicas, com mais de 200 notificações e ao menos três mortes confirmadas em São Paulo. A crise, que levou à apreensão de milhares de garrafas e prisões, evidenciou a fragilidade do controle sobre a procedência das bebidas comercializadas no país.
Segundo informações da BBC News Brasil, análises da Polícia Técnico-Científica de São Paulo confirmaram a presença da substância tóxica em produtos de duas distribuidoras. Enquanto autoridades tentam conter o avanço dos casos, especialistas e entidades apontam a falta de um sistema eficaz de rastreamento como uma das principais brechas exploradas por falsificadores. A venda de garrafas reutilizadas, tampas, rótulos e até selos supostamente originais em redes sociais escancara a facilidade com que esse mercado ilegal opera.
Em meio às investigações, surge a polêmica sobre o fim do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), desativado em 2016. Criado para monitorar a fabricação e circulação de bebidas, o Sicobe foi descontinuado sob a justificativa de custos elevados e supostas falhas operacionais. No entanto, representantes do setor afirmam que, mesmo com limitações, o sistema permitia um mínimo de rastreabilidade, o que poderia inibir a atuação de quadrilhas especializadas.
Para especialistas ouvidos pela reportagem, a solução pode estar na adoção de tecnologias mais modernas, como o uso de QR Codes e assinaturas digitais em garrafas, modelo que já mostrou resultados positivos em países como a República Dominicana. “Hoje, não há qualquer controle que permita ao consumidor ou às autoridades saberem a origem real da bebida”, afirmou Sérgio Pereira da Silva, da Associação Brasileira de Combate à Falsificação.
Enquanto isso, o governo federal cobra a retirada de publicações ilegais nas redes, mas ainda não apresentou um plano definitivo para melhorar a fiscalização e garantir a segurança dos consumidores. O caso, que já provocou mortes, exige respostas urgentes e eficazes, não apenas repressão ao crime, mas mudanças estruturais no sistema de controle e rastreamento de bebidas no Brasil.
Por Paraíba Master