Autocobrança em excesso: Veja como esse hábito silencioso pode afetar a saúde mental no trabalho

 Autocobrança em excesso: Veja como esse hábito silencioso pode afetar a saúde mental no trabalho
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A exigência constante por resultados, metas e excelência tem um lado oculto que nem sempre é percebido de imediato pelas empresas e profissionais: o impacto da auto cobrança e do perfeccionismo exacerbado. Para a psicóloga Márcia Peixoto, especialista em RH e diretora da Roots Talent, esses dois comportamentos, quando persistentes e excessivos, podem deixar de ser uma virtude e se tornar sabotadores no ambiente corporativo.

“Autocobrança e perfeccionismo tendem a ser prejudiciais no decorrer do tempo. Não fazem bem à saúde mental e emocional”, alerta a especialista.

Ela explica que, embora muitas vezes vistos como características de profissionais comprometidos, esses traços podem se transformar em gatilhos para quadros de ansiedade, Síndrome de bournout e até depressão.

De acordo com a instituição ISMA, (International Stress Management Association), 69% dos trabalhadores brasileiros sofrem de estresse elevado no ambiente corporativo — o segundo maior índice global, atrás apenas do Japão. Cerca de 30% estão com burnout, e mais de 288 mil licenças médicas foram concedidas por transtornos mentais em 2023, um aumento de 38% em relação ao ano anterior.

Entre os principais sinais de alerta, estão o cansaço extremo, a queda de produtividade e o desânimo constante.

“Quando o profissional começa a perceber que está se cobrando demais e ainda assim sente que nada é suficiente, é hora de ligar o sinal vermelho”, afirma Márcia.

Para enfrentar o problema, segundo ela, a primeira etapa é a conscientização. “O profissional precisa identificar que essa característica está presente e reconhecer os impactos que ela traz. O processo terapêutico é fundamental para aprender a lidar com essa exigência interna de forma mais saudável”, recomenda.

Lado da empresa – As empresas, por sua vez, também têm um papel importante nesse processo. “É preciso criar uma cultura organizacional que reconheça os riscos dos excessos e promova o equilíbrio emocional. Isso pode ser feito por meio de ações de sensibilização e acolhimento”, pontua a psicóloga.

Para Márcia, ferramentas como o teste dos sabotadores ajudam a identificar esses padrões comportamentais nos profissionais. “O equilíbrio precisa ser parte do planejamento estratégico — tanto para o sucesso profissional quanto para o bem-estar das equipes”, orienta Márcia.

Confira algumas orientações para empresas e profissionais:

Para Colaboradores:

1. Reconheça seus limites (e os respeite)
Perfeccionistas tendem a ultrapassar seus próprios limites físicos e emocionais. Aprender a dizer “não” e entender que nem tudo precisa ser impecável é fundamental para manter a saúde mental e o desempenho sustentável.

2. Reestruture a autocrítica
Em vez de focar no erro ou naquilo que “faltou”, pratique o olhar para os aprendizados e avanços. Substituir o pensamento “não foi bom o suficiente” por “fiz o melhor que pude com os recursos que tinha” pode reduzir significativamente o estresse.

3. Celebre pequenas conquistas
Quem se cobra demais costuma minimizar o que já realizou. Criar o hábito de reconhecer as próprias vitórias — mesmo as pequenas — ajuda a reforçar a autoestima e a diminuir a ansiedade por resultados perfeitos.

Para empresas:

  1. Promova uma cultura de feedback construtivo, não de cobrança tóxicaAmbientes que só valorizam metas ambiciosas e não reconhecem o esforço ou o processo incentivam o perfeccionismo nocivo. Fomentar conversas transparentes e acolhedoras ajuda a equilibrar expectativa e realidade.
  2. Dê o exemplo com lideranças mais humanas
    Gestores que mostram vulnerabilidade, admitem erros e valorizam o equilíbrio vida-trabalho contribuem para que suas equipes façam o mesmo. A mudança de cultura começa de cima.
  3. Incentive pausas e rituais de autocuidado no trabalhoPermitir e estimular momentos de descanso, práticas de mindfulness ou programas de apoio psicológico reduz o nível de autocobrança crônica e melhora a performance a longo prazo.

Paraíba Master com informações da Assessoria

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