Deputados de esquerda reagem a tarifa de Trump com apelo ao nacionalismo e críticas a bolsonaristas

 Deputados de esquerda reagem a tarifa de Trump com apelo ao nacionalismo e críticas a bolsonaristas
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A decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros gerou fortes reações no Congresso Nacional. Parlamentares de esquerda acusaram deputados bolsonaristas de agirem contra a soberania nacional e os chamaram de “vira-latas”, ao passo que a oposição culpou o governo Lula pela crise diplomática com os EUA.

A polêmica em torno do termo “vira-lata” começou após o deputado Filipe Barros (PL-PR), presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, usar a expressão para se referir ao presidente Lula (PT), alegando que a tarifação é fruto da “incompetência” do governo. “O vira-lata está no Palácio do Planalto”, disse Barros, que responsabilizou a suposta falta de diálogo entre Lula e Trump pela imposição da tarifa. Mais cedo, a primeira-dama Janja também havia utilizado o termo ao se referir a apoiadores de Bolsonaro.

Em resposta, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social, rebateu dizendo:

“São vira-latas sim todos aqueles que, diante desse ataque à soberania do Brasil, se ajoelham de forma covarde”. Pimenta classificou a medida como um ataque direto à soberania brasileira e criticou a postura da oposição, que, segundo ele, articulou a crise.

Parlamentares de partidos como PT, PSOL, PC do B e PDT se reuniram em frente à imprensa na Câmara dos Deputados segurando cartazes com mensagens de soberania, reciprocidade e críticas ao alinhamento da direita brasileira com os Estados Unidos. De acordo com a Folha de São Paulo, muitos deles fizeram duras associações entre Trump e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), lembrando as recentes manifestações do americano em defesa do aliado brasileiro.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que “é hora de os brasileiros, independente do partido, se unirem para defender o povo e os empregos”. Ele acusou a extrema-direita de agir contra o Brasil ao preferir “articular uma sanção no desespero para tentar impedir julgamento” de Bolsonaro. Lindbergh ainda cobrou uma posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), principal nome cotado como sucessor do bolsonarismo em 2026.

Renildo Calheiros (PC do B-PE) reforçou a crítica ao alinhamento com os EUA, afirmando que “quem é patriota não bate continência para os Estados Unidos, tem que defender interesses do Brasil”. Já a deputada Duda Salabert (PDT-MG) disse que o episódio revela um “golpismo transnacional” com interesses em submeter o Brasil a uma condição de colônia econômica e política.

Por outro lado, deputados da oposição tentaram transferir a responsabilidade para o atual governo. O deputado Sanderson (PL-RS) acusou Lula de fragilizar a diplomacia brasileira ao se aproximar de países como China, Rússia, Venezuela, Cuba e Irã. Osmar Terra (PL-RS), ex-ministro de Bolsonaro, disse que a economia brasileira “já está arrebentada” e que o governo “tenta usar o tarifaço como desculpa para o próprio fracasso”.

A tensão entre os dois países se agravou após Trump justificar a tarifa como uma resposta aos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos de liberdade de expressão dos americanos”. Ele criticou duramente o julgamento de Bolsonaro, chamando-o de “caça às bruxas”, e classificou a forma como o Brasil trata o ex-presidente como uma “vergonha”.

Trump também argumentou que o Brasil aplica tarifas e barreiras injustas contra os EUA e que há um suposto déficit comercial com o país. No entanto, segundo dados citados pela Folha de S. Paulo, os Estados Unidos têm, na verdade, superávit na balança comercial com o Brasil.

A crise expôs novamente as profundas divisões políticas internas e lançou dúvidas sobre os rumos da política externa brasileira diante de um possível retorno de Trump à presidência dos EUA.

Por Paraíba Master

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